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Fotogramas Urbanos

Este ensaio vem sendo elaborado há três anos, entre tomadas fotográficas diurnas e noturnas incluindo madrugadas a fora, fui me familiarizando com aquilo que me instigava, a visualização da forma muito além do objeto.

Neste trabalho trato de exaurir formas e cores do novo monumento da cidade, a Ponte Estaiada Octavio Frias de Oliveira. Primeiramente fiz uma observação a distância desde de a construção deste novo artefato concreto de uso público até sua conclusão e utilização.

Evitei envolver-me nos aspectos sócio econômico da obra e sim abstrair de suas formas, minha idéia de poesia concreta da cidade, pois é na “urbe” que encontro os grafismos que representam com clareza os registros e traços do homem na contemporaneidade.

Os recortes, arestas, linhas e texturas trazem a possibilidade de fotomontar meu quadro, meu fotograma. São fotoformas geradas a partir do concreto, do ferro e do fio sobrepostos entre si, ou mesmo no puro recorte do detalhe que se da livremente para eu ver num resultado geométrico e harmonioso.

Não posso deixar de mencionar minha forte referencia em Geraldo de Barros, Thomaz Farkas e German Lorca entre outros. Sabendo que deles a experimentação se dava desde o modo de olhar até variáveis encontrada resultante dos processos de revelação, ampliação e montagem. Meus acasos não se fazem por conta das mesmas variáveis geradas no ampliador como se faziam nas fotoformas de Geraldo de Barros mas se ampliam na insegurança do processo de captação, onde apontar a câmera para um lugar público é tão proibido quanto perigoso, portanto as as imagens geradas a partir destas tomadas sofreram o julgamento impiedoso de guardas municipais, guardas de trânsito e transeuntes que não deixavam de se fazer notar diante de um disparo.

No meu caso o acaso da obra fica por conta da insegurança do processo mas o resultado das minhas múltiplas exposições, montagens e criações cromáticas tiveram a benção do advento da tecnologia a qual me permite experimentar infinitamente as milhares de combinações, portanto ainda encontro margem para mais divagações neste ensaio.

"Fotogramas Urbanos" é um resgate de formas geométricas que para mim representam a poesia entremeada ao que chamamos "caos urbano".

Assinatura Giovanna Nucci